Este sou eu

quarta-feira, 12 de maio de 2021

Uma ideia, um projeto, uma mesa sustentável e durável.

 Hoje quero falar da minha não tão recente paixão pela marcenaria. Apesar do pouco conhecimento na área, sempre fui de fazer pequenos reparos e tentar criar algo útil para a casa ou não. Não utilizava nenhuma técnica, mas sim, muita força de vontade, na base da curiosidade e pelo simples prazer de fazer eu mesmo. (DIY).

No ano passado, em meio a pandemia que nos assola, resolvi adquirir mais ferramentas (Adoro ferramentas), acessórios, conhecimento e então, transformei um “quarto de jogos” (segundo minha mulher, lugar onde, jogamos tudo e fechamos a porta) numa pequena oficina, chamada carinhosamente de Ateliê Dobradiça. Meu incentivo e minha inspiração vem do meu Pai, que sempre foi um inventor nato, já o conhecimento, fui buscar na internet onde comecei a seguir vários canais no YouTube, Oficina Caipira, Marcenaria Amadora, empoeirados, sendo o primeiro deles, o Oficina de Casa. Daí a coisa foi aumentando, bem como o conhecimento das técnicas, dos macetes, das diversas possibilidades, até que em dezembro de 2020 resolvi comprar o curso de Marcenaria 2.0, da Oficina de Casa é claro.

Comprei algumas madeiras para treinar medidas, cortes, acabamentos, etc. Dentre as poucas peças que fiz, estão, suporte para celular, tábuas de cortes, suporte para botijão de gás, luminárias, bancada para pia de banheiro e meu maior projeto até então, uma mesa para escritório feita com madeiras de demolição, para ser mais preciso, guarnições (ou batentes) de portas, que me foram gentilmente doadas pela minha sogra ao reformar seu apartamento. 

Em meio a uma reforma em casa, um pedreiro (Seu Guila) me disse, “Essas guarnições dariam uma boa mesa.”, e sem pensar muito, sem saber como, comprei a ideia e dei início ao projeto - Foram longos dias pensando, pensando, perdendo o sono, mudando uma coisa aqui outra ali, pedindo ajuda aos professores e colegas do curso, e assim o projeto de transformar madeira de demolição em algo novo, utilizável, durável, foi tomando forma, em cima de cavaletes, aquelas seis peças de guarnições pesadas, feitas de Massaranduba, eram escovadas, cortadas, lixadas, levadas de um canto ao outro do meu quintal sob a sombra de uma frondosa mangueira, fugindo do sol e da chuva (não cabiam dentro da oficina). 

E dia após dia, mesmo com erros na execução, correções, adequações e melhorias, aquelas guarnições e seus alisares que por anos sustentaram suas portas, que guarneceram pessoas e seus segredos, alegrias, tristezas, bens materiais. - Foram se transformando em uma mesa linda e robusta, sobre a qual tenho certeza, serão abertos novos negócios, novas ideias, onde novos projetos, darão sustentabilidade e guarnecerão novas alegrias, sonhos, ideais e realizações. 

quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

Declaração de amor verdadeiro e amizade sincera.

Hoje o texto de autoria do meu irmão/amigo Anderson L MARTINS, é uma homenagem ao nosso querido amigo que nos deixou por conta do COVID19.

Declaração de amor verdadeiro e amizade sincera.

Cada dia vejo quão importantes são as lembranças, porque num determinado momento da vida é só o que vamos ter, ela é o que vem na sua cabeça na hora que alguém te liga pra dizer que um grande amigo se foi, a morte é uma coisa que é inevitável desde que  nascemos, mas nunca, nunca a aceitamos quando chega.

Além de uma amizade, o carinho, a admiração existe uma mágica nisso também; amigos como todos nós veteranos de BAAF,  amigos de 33 anos mesmo não nos vendo nem nos falando todos os dias, as vezes um zap aqui outro ali, mas mesmo com essa distância entre todos nós existe essa "magia" que ainda nos une como antes, e que nenhuma palavra consegue explicar ou fazer entender isso e muito menos eu consigo entender como um amigo como o "cara de broa" nos deixou assim.


Mesmo estando profundamente triste com essa notícia, me emocionei em saber que representaria todos nós na despedida, mas, deixo claro aqui que mesmo se não fosse com essa missão, de qualquer forma eu iria lá com o coração esperançoso de que poucos segundos antes do final da cerimônia o BAIMA iria abrir o caixão, se levantar e me dizer "falaí seu idiota, te enganei, estou vivo..." nesse momento eu seria o idiota mais feliz deste mundo, mas isso não aconteceu, e ali naquele momento, tive que aceitar que nosso amigo se foi de verdade, então me voltei ao que sobrou, as boas lembranças desse cara incrível.

Temos a mania de dizer coisas boas das pessoas sempre que se vão, mas o BAIMA era um cara que todos nós só temos coisas boas pra falar, um cara que sempre estava alegre e nos contagiava com a sua alegria, sempre zoando alguém, colocando apelido em uns e perturbando outros.

Hoje, com a idade, vejo a vida como um grande quebra-cabeça daquele tipo pôster, e que cada pecinha que usei pra montar esse painel foram pessoas, acontecimentos, amigos, parentes, trabalho, passeios, etc... Tudo que passo na vida é como uma peça que pego pra juntar nesse quebra-cabeça, e quando acontecem essas perdas é como se aquela pecinha caísse do painel e ficasse para sempre aquele buraco, todo o quebra-cabeça continua montado mas aquela peça específica "o BAIMA", o único 87-166, nunca poderá ser substituída nem trocada por outra, não retornará mais ao seu lugar, nem no painel, nem numa mensagem de zap, nem nos nossos encontros de BAAF, nem nada, nem nada, nem nada, somente o vazio pela perda.

Mas as lembranças são enormes e gratificantes, por isso, agradeço a Deus pelo tempo que deixou ele aqui junto conosco alegrando os nossos dias.

 

L. MARTINS        PA – 87/159

ALCÂNTARA       PA – 87/010

POUBEL            PA – 86/426


"NINGUÉM ESTÁ SOZINHO"


quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Era uma vez na caserna...

Hoje vou contar uma das muitas histórias vividas no tempo da caserna, quando servi com honra e devoção na Força Aérea Brasileira, nossa querida FAB.

Pois bem, em nosso alojamento havia uma linda mesa de ping-pong produzida por soldados habilidosos da nossa companhia, feita com medidas oficiais, tinha o brasão da CPA – Cia de Polícia da Aeronáutica pintado bem no meio, era um dos poucos lazeres que tínhamos na época.

Certa vez, no horário do almoço, era travada uma partida digna de jogos olímpicos, de um lado o soldado A. LUIZ, do outro o soldado VIDAL, a partida estava acirrada, saques e cortadas espetaculares, com direito a torcida, já que cada um dos jogadores era de uma turma diferente, o que sempre era motivo para uma boa e saudável disputa entre as turmas.

A partida seguia seu ritmo frenético, jogadores se empenhando ao máximo, num ritmo acelerado, quando de repente, a porta do alojamento se abre e entra um de nossos temidos sargentos, que por sinal, também era um exímio jogador de ping-pong. Após sua entrada, a partida foi interrompida após o soldado VIDAL pegar uma cortada quase perfeita do então adversário A. LUIZ, e colocando sua raquete sobre a mesa, foi saindo de fininho, quando o Sargento então exclamou: “Vejo que você está bom da coluna militar! Já que pegou uma cortada difícil dessa...”

O soldado malandramente, saca do bolso de seu 10º uniforme, uma dispensa médica que o impedia de tirar serviço armado, devido à problema na coluna.

O sargento por sua vez, recolhe a dispensa médica, e pede “carinhosamente” que o soldado procure o Cabo escalante e dê o seu nome para a escala de serviço no próximo final de semana.

E assim, alguém se safou de uma escala vermelha no 0F.

quinta-feira, 23 de julho de 2020

Histórias da caserna


Olá, 
Acharam que eu tinha desistido de escrever né? Em outra oportunidade eu explico o porquê fiquei invisível esse tempo todo. Mas hoje vamos tirar a poeira, abrir a janela do tempo e compartilhar histórias, emoções e lembranças. 
Trago pra vocês queridos leitores, um texto escrito pelo meu amigo/irmão, Anderson L. Martins, sobre lembranças da caserna. Então vamos deixar de enrolação e ir direto pra leitura.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

2010 – E lá se vão 10 anos.

Caro amigos Guerreiros, quero dividir com vocês e todos aqueles que já passaram por uma unidade militar, algumas lembranças da BAAF – Base Aérea dos Afonsos, que por coincidência, nós, da 1ª turma de 1987 fizemos aniversário de formatura e juramento à Bandeira em 26 de junho, inesperadamente me veio uma oportunidade única de retornar àquele local. Convidado para participar de uma festa junina no hangar do antigo ESM – Esquadrão de Material não relutei em chamar alguns dos nossos para me acompanhar, uns infelizmente não puderam ir, porem três bravos guerreiros me acompanharam; Os Guerreiros A. Luis, Baima e Vargas que dividiram comigo algumas horas de nostalgia.

A chegada como sempre é de arrepiar a espinha, aquela visão da Guarda é impossível não despertar sentimentos e lembranças dos vários serviços de “0M” e "0F", infelizmente algo na atual visão não combinava com o que tínhamos guardado na memória, portões imensos quase que blindados, cercas laminadas, outro portão, coletes a prova de balas, mureta de concreto, na verdade um reflexo do mundo violento em que vivemos nada daquilo combinava com o quadro de antes, muito antes, tempos em que a nossa única segurança era a coragem, experiência e a confiança entre o “0M” e “0F” virando a madrugada de peito aberto a tudo que pudesse vir, contávamos somente com nossas armas carinhosamente chamadas de “PT” e “HK” prontas para entrar em ação a qualquer momento que fossem solicitadas, logo cheguei à conclusão do quão importante éramos naquele pequeno espaço e de quantas vidas e valores eram deixados sobre nossos cuidados, tirávamos de letra. Passado o impacto e diante desta nova realidade, onde várias pessoas entre militares e civis entravam e saiam pelos portões sem maiores retenções, sem maiores exigências, lembramo-nos dos tantos eventos que aconteciam dentro da BASE e como éramos cobrados por nossos superiores na triagem daqueles que transpunham aqueles portões.






Seguimos em frente pela longa alameda em direção ao ESM, relaxamos e começamos a caminhar a cada passo que dávamos uma lembrança tomava conta de nossas mentes, o campo de futebol, a pista de atletismo tantas vezes percorrida, as quadras, o Material Bélico... Epa! De repente dois soldados passam por nós carregando uma caixa plástica, olhei tentando adivinhar o que seria, e não é que eram aqueles sacos com os lanchinhos do pessoal que estavam de serviço para ser distribuído no pernoite, quem de nós não se lembra da caixinha de Longuinho, o bolinho Ana Maria, Mariolas, etc., me deu até vontade de pegar um..., seguimos nosso caminho passando pelo ES - Esquadrão de Saúde tentei achar o "Mora...", deixa pra lá. Vínhamos andando bem devagar, falando e apreciando a vista, mas quando chegamos em frente ao pátio do antigo BINFA - Batalhão de Infantaria, aí a coisa ficou séria, a voz arranhou, a vista ficou meio molhada, parecia que estávamos chegando para o serviço, era fácil enxergar a tropa formada em frente à porta da CPA - Cia de Polícia da Aeronáutica, a escada para o alojamento, senti naquele instante que me dividia em dois, uma versão 1987 e outra 2010, estávamos com as famílias e não podíamos dar bandeira, não adianta escrever repetidamente, pois, quem não esteve na PA – Polícia da Aeronáutica não vai entender nunca o que vivenciamos.

Chegamos à festa junina, coisa que também nunca tivemos, mas muito legal por sinal, encontramos alguns “antigões” da nossa época, tínhamos acesso à entrada do hangar pelo lado da pista, foi mesmo uma noite de glória. Pudemos olhar a pista e lembrar quando marchamos em frente a Bandeira, repetindo a voz do nosso comandante de, “FORÇA AEREA BRASIL, FORÇA AEREA BRASIL, FORÇA AEREA BRASIL”, sendo observados por autoridades, familiares e amigos. Ficamos ali curtindo a festa tentando entender o presente e lembrando do passado.

Porem amigos guerreiros, como bem dito pelo nosso estimado SGT Hilton“... realmente muitas coisas mudaram na caserna. Um grupo como o nosso nunca mais existirá na Força... Não somos melhores, apenas inigualáveis.”.

A nossa decepção foi ver que tudo o que passamos para o fortalecimento e reconhecimento da PA-BAAF ficou no passado, desde a nossa tropa até as nossas conquistas, só nos resta à certeza de que apesar da nossa CPA não existir mais como era, ainda somos e sempre seremos os verdadeiros heróis sem glórias, os verdadeiros e únicos “GUERREIROS DE MAYWORM”.

Dedicado a todos da 1ª/87 e a todos os Guerreiros de Mayworm.


L. Martins – S1 87 159 – CPA / BAAF
  
Um abraço a todos.