Este sou eu

quinta-feira, 23 de julho de 2020

Histórias da caserna


Olá, 
Acharam que eu tinha desistido de escrever né? Em outra oportunidade eu explico o porquê fiquei invisível esse tempo todo. Mas hoje vamos tirar a poeira, abrir a janela do tempo e compartilhar histórias, emoções e lembranças. 
Trago pra vocês queridos leitores, um texto escrito pelo meu amigo/irmão, Anderson L. Martins, sobre lembranças da caserna. Então vamos deixar de enrolação e ir direto pra leitura.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

2010 – E lá se vão 10 anos.

Caro amigos Guerreiros, quero dividir com vocês e todos aqueles que já passaram por uma unidade militar, algumas lembranças da BAAF – Base Aérea dos Afonsos, que por coincidência, nós, da 1ª turma de 1987 fizemos aniversário de formatura e juramento à Bandeira em 26 de junho, inesperadamente me veio uma oportunidade única de retornar àquele local. Convidado para participar de uma festa junina no hangar do antigo ESM – Esquadrão de Material não relutei em chamar alguns dos nossos para me acompanhar, uns infelizmente não puderam ir, porem três bravos guerreiros me acompanharam; Os Guerreiros A. Luis, Baima e Vargas que dividiram comigo algumas horas de nostalgia.

A chegada como sempre é de arrepiar a espinha, aquela visão da Guarda é impossível não despertar sentimentos e lembranças dos vários serviços de “0M” e "0F", infelizmente algo na atual visão não combinava com o que tínhamos guardado na memória, portões imensos quase que blindados, cercas laminadas, outro portão, coletes a prova de balas, mureta de concreto, na verdade um reflexo do mundo violento em que vivemos nada daquilo combinava com o quadro de antes, muito antes, tempos em que a nossa única segurança era a coragem, experiência e a confiança entre o “0M” e “0F” virando a madrugada de peito aberto a tudo que pudesse vir, contávamos somente com nossas armas carinhosamente chamadas de “PT” e “HK” prontas para entrar em ação a qualquer momento que fossem solicitadas, logo cheguei à conclusão do quão importante éramos naquele pequeno espaço e de quantas vidas e valores eram deixados sobre nossos cuidados, tirávamos de letra. Passado o impacto e diante desta nova realidade, onde várias pessoas entre militares e civis entravam e saiam pelos portões sem maiores retenções, sem maiores exigências, lembramo-nos dos tantos eventos que aconteciam dentro da BASE e como éramos cobrados por nossos superiores na triagem daqueles que transpunham aqueles portões.






Seguimos em frente pela longa alameda em direção ao ESM, relaxamos e começamos a caminhar a cada passo que dávamos uma lembrança tomava conta de nossas mentes, o campo de futebol, a pista de atletismo tantas vezes percorrida, as quadras, o Material Bélico... Epa! De repente dois soldados passam por nós carregando uma caixa plástica, olhei tentando adivinhar o que seria, e não é que eram aqueles sacos com os lanchinhos do pessoal que estavam de serviço para ser distribuído no pernoite, quem de nós não se lembra da caixinha de Longuinho, o bolinho Ana Maria, Mariolas, etc., me deu até vontade de pegar um..., seguimos nosso caminho passando pelo ES - Esquadrão de Saúde tentei achar o "Mora...", deixa pra lá. Vínhamos andando bem devagar, falando e apreciando a vista, mas quando chegamos em frente ao pátio do antigo BINFA - Batalhão de Infantaria, aí a coisa ficou séria, a voz arranhou, a vista ficou meio molhada, parecia que estávamos chegando para o serviço, era fácil enxergar a tropa formada em frente à porta da CPA - Cia de Polícia da Aeronáutica, a escada para o alojamento, senti naquele instante que me dividia em dois, uma versão 1987 e outra 2010, estávamos com as famílias e não podíamos dar bandeira, não adianta escrever repetidamente, pois, quem não esteve na PA – Polícia da Aeronáutica não vai entender nunca o que vivenciamos.

Chegamos à festa junina, coisa que também nunca tivemos, mas muito legal por sinal, encontramos alguns “antigões” da nossa época, tínhamos acesso à entrada do hangar pelo lado da pista, foi mesmo uma noite de glória. Pudemos olhar a pista e lembrar quando marchamos em frente a Bandeira, repetindo a voz do nosso comandante de, “FORÇA AEREA BRASIL, FORÇA AEREA BRASIL, FORÇA AEREA BRASIL”, sendo observados por autoridades, familiares e amigos. Ficamos ali curtindo a festa tentando entender o presente e lembrando do passado.

Porem amigos guerreiros, como bem dito pelo nosso estimado SGT Hilton“... realmente muitas coisas mudaram na caserna. Um grupo como o nosso nunca mais existirá na Força... Não somos melhores, apenas inigualáveis.”.

A nossa decepção foi ver que tudo o que passamos para o fortalecimento e reconhecimento da PA-BAAF ficou no passado, desde a nossa tropa até as nossas conquistas, só nos resta à certeza de que apesar da nossa CPA não existir mais como era, ainda somos e sempre seremos os verdadeiros heróis sem glórias, os verdadeiros e únicos “GUERREIROS DE MAYWORM”.

Dedicado a todos da 1ª/87 e a todos os Guerreiros de Mayworm.


L. Martins – S1 87 159 – CPA / BAAF
  
Um abraço a todos.