(Antiga estação de trem, hoje Rodoviária) |
Numa conversa
informal em casa na hora do almoço, surgiu um assunto que muito me agrada, minha
cidade natal Mirai ou Mirahy como está escrito no prédio que hoje abriga à
rodoviária.
Em poucos minutos de conversa me
vieram lembranças maravilhosas de minha infância querida. Lembranças essas que
hoje quero dividir com todos, principalmente com aqueles que partilharam comigo
de um tempo tão bom, mas que não volta mais.
Pelo que me lembro, moramos em três
casas, a primeira ficava do lado da casa da minha avó Dinaura (falecida) que
morava em frente ao campo do Sport e ao lado da Escola Estadual Joaquim Nabuco,
onde estudei os quatro primeiros anos de minha vida. Estudava à tarde, lembro
das minhas tias Angelina e Cida, levando bolo e café com leite para mim e meu
primo Paulo Sergio, ficávamos na grade do portão esperando ansiosos pela
merenda. Toda sexta-feira deixava os cadernos na casa da minha avó, pegava uma
pequena sacola com meia dúzia de roupas e ia a pé para a roça, caminhávamos por
7 km subindo morro, felizes e cheios de energia já pensando nas brincadeiras do
fim de semana.
A segunda casa foi num casarão na
Rua Tenente Leopoldino que por coincidência ou não, ficava ao lado da casa da minha
avó Laura (falecida), era um casarão antigo, onde na parte de cima moravam meus
tios Fernando (irmão do meu Pai) e Luiza, nos fundos desse casarão foi erguido
um grande galpão com colunas feitas de toras de eucalipto e telhas de amianto
onde funcionou por algum tempo a oficina mecânica do meu pai conhecido como
Luizinho do Cristiano (meu avô). Adorava brincar no meio dos carros velhos e
peças sujas de graxa e gasolina, pegava as ferramentas do meu Pai para fazer
carrinhos de rolimã ou pequenos carrinhos feitos com restos de peças
automotivas.
Mesmo com pouca idade, tinha
muita responsabilidade ou pelo menos me era delegado. Lembro de minha mãe que
saía para ir à rua ou até a casa da minha avó e deixava sob meus cuidados meus
irmãos Ronaldo e Leonardo que tinha um ano ou próximo disso e eu trocava fraldas
(de tecido e com alfinete) dava mamadeira, colocava no carrinho e balançava,
balançava.
A terceira e última casa, que por
sinal é a mesma onde moram meus pais hoje, fica na R. Nova que na verdade se
chama R. Dr. Abraão Osta, lá sim foram os melhores anos da minha infância,
pois, foi onde tínhamos quintal, barranco, pés de frutas, etc. Tínhamos uma
cachorrinha que adora correr atrás da gente como se fosse um pique pega. Lembro
do dia em que ela desapareceu e fui procurá-la e fui informado por uma moradora
próxima ao Hospital que ela havia sido envenenada e o lixeiro a levou. Voltei
pra casa e dei a noticia para minha mãe, nossa cadelinha tinha dado a luz a três
filhotes, que tivemos que criar com mamadeira feita com um grande vidro de
xarope e um bico de borracha. Dos três filhotes ficamos com um macho.
Lembro dos meus amigos de infância
Ronaldo e seus irmãos Nandinho e Renato, os irmãos Juscélio e Juscelino, Silvinho,
"Sebastiãozinho", Doriquinho, entre outros. Ronaldo era o mais
chegado, apesar de não estudarmos na mesma série, íamos e voltávamos do colégio
juntos, estava sempre lá em casa, jogando futebol de botão, brincando ou
simplesmente vendo TV.
Onde hoje é o bairro Jacaré era
um loteamento com muita terra e estradas largas onde havia muito espaço onde jogávamos
bola. Tínhamos nossa própria trave feita de bambu e era guardada no nosso
quintal. Tempo bom, ouvíamos de longe o apito das fábricas que funcionavam a
todo vapor, onde meu pai trabalhou muitos anos (em ambas), onde por várias
vezes levei almoço pilotando uma bicicleta com uma só mão. Não precisávamos de relógio,
pelos apitos sabíamos que horas eram.
Aos sábados quando levava o almoço
para meu pai, ia para a chácara dos meus tios avós Geraldo e Joselina que ficava em frente ao portão da fábrica, adorava a tia Joselina que além do carinho que tinha por mim, fazia deliciosos sucos de frutas, doces, bolos, eu e
meu irmão brincávamos entre pés de goiabas, mangueiras pulando um
pequeno córrego que cortava o terreno. Isso quando não íamos para o Clube
Mirahy aonde por muitas vezes chegávamos muito antes da abertura da piscina que
era cuidada pelo Sr. Antonio, sua esposa e filho que sempre nos trataram com
carinho e respeito.
Adorava ir com meu pai ao campo
do 1º de Maio, torcer pelo "Cachimbo" apelido do meu primeiro time de coração,
tinha jogos aos sábados a noite, pois, é até hoje o único estádio com
iluminação. Como meu pai trabalhava na fábrica como mecânico e motorista, viajávamos
muito com ele, principalmente quando era para levar o time a algum jogo fora
da cidade, achava o máximo viajar encolhido no porta-malas das Kombis que levavam os jogadores, ia brincando
e zoando com eles, lembro-me do goleiro Pastel, do Café, Gaúcho Marquinhos e o engraçado massagista Tinão (me perdoem se escrevi
errado).
Poderia descrever longas linhas
sobre minha infância, mas vou parar por aqui e quem sabe em outra oportunidade
contarei mais sobre minha infância querida e essa cidade na qual tenho
orgulho de ter nascido.
Abraços a todos,
Obrigado.
4 comentários:
Ao ler sua história, passa um filme em minha memória, pois me lembro muito bem de você na Escola Joaquim Nabuco, a qual também tive oportunidade de estudar. Enquanto eu cursava o pré-primário ou 1º ano, me lembro de você já de saída, no 4º ano. Lembro-me de seus colegas de classe que nos apavoravam à época, em especial o "João Capeta", lembra-se? Infelizmente, veio a falecer faz pouco tempo...
Momentos de nostalgia nos faz muito bem...Continue escrevendo...gostei...abraço...
Luciano Alcantara
Ler sua história foi emocionante. Rica em detalhes, faz o leitor viajar no tempo. Vc escreve muito bem. Conte mais. Vc se dá a conhecer e abre uma caixa mágica de lembranças. Beijos. Te amo.
Obrigado pelo comentário Luciano, vou procurar escrever mais, é um assunto muito gostoso.
Não sabia do falecimento do "João Capeta", ainda ontem falei dele no trabalho.
Quanto a sua pergunta, sim eu me lembro de vc também.
Um abraço.
parabéns primo,
só faltou os nossos banhos de chuva no quintal da vovó e a feliz espera pelo angu frito, que ela insistia que tinha que esperar, senão o óleo secava. lembra?
abraço. sdades daquele tempo!
kika
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