Este sou eu

sábado, 17 de março de 2012

Meu pequenino Mirahy

(Antiga estação de trem, hoje Rodoviária)
Numa conversa informal em casa na hora do almoço, surgiu um assunto que muito me agrada, minha cidade natal Mirai ou Mirahy como está escrito no prédio que hoje abriga à rodoviária.
Em poucos minutos de conversa me vieram lembranças maravilhosas de minha infância querida. Lembranças essas que hoje quero dividir com todos, principalmente com aqueles que partilharam comigo de um tempo tão bom, mas que não volta mais.
Pelo que me lembro, moramos em três casas, a primeira ficava do lado da casa da minha avó Dinaura (falecida) que morava em frente ao campo do Sport e ao lado da Escola Estadual Joaquim Nabuco, onde estudei os quatro primeiros anos de minha vida. Estudava à tarde, lembro das minhas tias Angelina e Cida, levando bolo e café com leite para mim e meu primo Paulo Sergio, ficávamos na grade do portão esperando ansiosos pela merenda. Toda sexta-feira deixava os cadernos na casa da minha avó, pegava uma pequena sacola com meia dúzia de roupas e ia a pé para a roça, caminhávamos por 7 km subindo morro, felizes e cheios de energia já pensando nas brincadeiras do fim de semana.
A segunda casa foi num casarão na Rua Tenente Leopoldino que por coincidência ou não, ficava ao lado da casa da minha avó Laura (falecida), era um casarão antigo, onde na parte de cima moravam meus tios Fernando (irmão do meu Pai) e Luiza, nos fundos desse casarão foi erguido um grande galpão com colunas feitas de toras de eucalipto e telhas de amianto onde funcionou por algum tempo a oficina mecânica do meu pai conhecido como Luizinho do Cristiano (meu avô). Adorava brincar no meio dos carros velhos e peças sujas de graxa e gasolina, pegava as ferramentas do meu Pai para fazer carrinhos de rolimã ou pequenos carrinhos feitos com restos de peças automotivas.
Mesmo com pouca idade, tinha muita responsabilidade ou pelo menos me era delegado. Lembro de minha mãe que saía para ir à rua ou até a casa da minha avó e deixava sob meus cuidados meus irmãos Ronaldo e Leonardo que tinha um ano ou próximo disso e eu trocava fraldas (de tecido e com alfinete) dava mamadeira, colocava no carrinho e balançava, balançava.
A terceira e última casa, que por sinal é a mesma onde moram meus pais hoje, fica na R. Nova que na verdade se chama R. Dr. Abraão Osta, lá sim foram os melhores anos da minha infância, pois, foi onde tínhamos quintal, barranco, pés de frutas, etc. Tínhamos uma cachorrinha que adora correr atrás da gente como se fosse um pique pega. Lembro do dia em que ela desapareceu e fui procurá-la e fui informado por uma moradora próxima ao Hospital que ela havia sido envenenada e o lixeiro a levou. Voltei pra casa e dei a noticia para minha mãe, nossa cadelinha tinha dado a luz a três filhotes, que tivemos que criar com mamadeira feita com um grande vidro de xarope e um bico de borracha. Dos três filhotes ficamos com um macho.
Lembro dos meus amigos de infância Ronaldo e seus irmãos Nandinho e Renato, os irmãos Juscélio e Juscelino, Silvinho, "Sebastiãozinho", Doriquinho, entre outros. Ronaldo era o mais chegado, apesar de não estudarmos na mesma série, íamos e voltávamos do colégio juntos, estava sempre lá em casa, jogando futebol de botão, brincando ou simplesmente vendo TV.
Onde hoje é o bairro Jacaré era um loteamento com muita terra e estradas largas onde havia muito espaço onde jogávamos bola. Tínhamos nossa própria trave feita de bambu e era guardada no nosso quintal. Tempo bom, ouvíamos de longe o apito das fábricas que funcionavam a todo vapor, onde meu pai trabalhou muitos anos (em ambas), onde por várias vezes levei almoço pilotando uma bicicleta com uma só mão. Não precisávamos de relógio, pelos apitos sabíamos que horas eram.
Aos sábados quando levava o almoço para meu pai, ia para a chácara dos meus tios avós Geraldo e Joselina que ficava em frente ao portão da fábrica, adorava a tia Joselina que além do carinho que tinha por mim, fazia deliciosos sucos de frutas, doces, bolos, eu e meu irmão brincávamos entre pés de goiabas, mangueiras pulando um pequeno córrego que cortava o terreno. Isso quando não íamos para o Clube Mirahy aonde por muitas vezes chegávamos muito antes da abertura da piscina que era cuidada pelo Sr. Antonio, sua esposa e filho que sempre nos trataram com carinho e respeito.
Adorava ir com meu pai ao campo do 1º de Maio, torcer pelo "Cachimbo" apelido do meu primeiro time de coração, tinha jogos aos sábados a noite, pois, é até hoje o único estádio com iluminação. Como meu pai trabalhava na fábrica como mecânico e motorista, viajávamos muito com ele, principalmente quando era para levar o time a algum jogo fora da cidade, achava o máximo viajar encolhido no porta-malas das Kombis que levavam os jogadores, ia brincando e zoando com eles, lembro-me do goleiro Pastel, do Café, Gaúcho Marquinhos e o engraçado massagista Tinão (me perdoem se escrevi errado).
Poderia descrever longas linhas sobre minha infância, mas vou parar por aqui e quem sabe em outra oportunidade contarei mais sobre minha infância querida e essa cidade na qual tenho orgulho de ter nascido. 

Abraços a todos,
Obrigado.

4 comentários:

Anônimo disse...

Ao ler sua história, passa um filme em minha memória, pois me lembro muito bem de você na Escola Joaquim Nabuco, a qual também tive oportunidade de estudar. Enquanto eu cursava o pré-primário ou 1º ano, me lembro de você já de saída, no 4º ano. Lembro-me de seus colegas de classe que nos apavoravam à época, em especial o "João Capeta", lembra-se? Infelizmente, veio a falecer faz pouco tempo...
Momentos de nostalgia nos faz muito bem...Continue escrevendo...gostei...abraço...
Luciano Alcantara

Gastronomia com @mor - por Claudia Figueiredo disse...

Ler sua história foi emocionante. Rica em detalhes, faz o leitor viajar no tempo. Vc escreve muito bem. Conte mais. Vc se dá a conhecer e abre uma caixa mágica de lembranças. Beijos. Te amo.

Guto Alcântara disse...

Obrigado pelo comentário Luciano, vou procurar escrever mais, é um assunto muito gostoso.
Não sabia do falecimento do "João Capeta", ainda ontem falei dele no trabalho.
Quanto a sua pergunta, sim eu me lembro de vc também.
Um abraço.

kika disse...

parabéns primo,
só faltou os nossos banhos de chuva no quintal da vovó e a feliz espera pelo angu frito, que ela insistia que tinha que esperar, senão o óleo secava. lembra?
abraço. sdades daquele tempo!
kika